7 de fev. de 2009

Deriva


O poema é de Sophia de Mello Breyner Andresen



Vi as águas os cabos vi as ilhas

E o longo baloiçar dos coqueirais

Vi lagunas azuis como safiras

Rápidas aves furtivos animais

Vi prodígios espantos maravilhas

Vi homens nus bailando nos areais

E ouvi o fundo som das suas falas

Que já nenhum de nós entendeu mais

Vi ferros e vi setas e vi lanças

Oiro também à flor das ondas finas

E o diverso fulgor de outros metais

Vi pérolas e conchas e corais

Desertos fontes trémulas campinas

Vi o frescor das coisas naturais


Só do Preste João não vi sinais

As ordens que levava não cumpri

E assim contando tudo quanto vi

Não sei se tudo errei ou descobri

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